Essays on Labor Economics: Gender Gap in Formal Employment and the Role of Labor Inspections in Brazil
06/05/2025
Esta tese é composta por três ensaios em Economia do Trabalho. O primeiro capítulo investiga o impacto da perda de emprego nas diferenças de gênero nos resultados do mercado de trabalho formal no Brasil. Utilizando dados administrativos combinados de empregador e empregado de 2003 a 2020 e uma abordagem de diferenças em diferenças, o capítulo analisa os desligamentos em massa como um choque exógeno. Os resultados revelam que as mulheres experimentam quedas mais acentuadas e persistentes no emprego formal em comparação aos homens após a perda do emprego. Embora tanto homens quanto mulheres sofram perdas salariais ao serem reempregados, a magnitude das perdas é similar. Os resultados sugerem que as dinâmicas do mercado de trabalho após a perda de emprego desempenham um papel importante na manutenção das disparidades de gênero no emprego formal, com as diferenças de gênero no reemprego explicando uma parte da lacuna de emprego. O segundo capítulo estima os efeitos das inspeções trabalhistas sobre os variáveis dos estabelecimentos no Brasil. Usando dados administrativos e uma estratégia de diferenças em diferenças escalonada, a análise mostra que as inspeções reduzem significativamente o emprego, principalmente pela diminuição das contratações, ao invés do aumento das separações. As inspeções também aumentam a probabilidade de saída dos estabelecimentos, especialmente entre os mais jovens e de porte médio. No nível dos trabalhadores, as inspeções geram um aumento temporário e pequeno no emprego, seguido por uma estagnação salarial para os trabalhadores que permanecem, enquanto os que saem experimentam ganhos estáveis e maiores. Os resultados indicam que a fiscalização opera pelos efeitos dissuasão e punição. O terceiro capítulo fornece uma análise descritiva dos determinantes das inspeções trabalhistas no Brasil. As inspeções concentram-se em grandes estabelecimentos, abrangendo cerca de um terço dos trabalhadores do setor formal anualmente. Aproximadamente 40% dos estabelecimentos inspecionados por ano estão recebendo a primeira fiscalização. As inspeções também são mais frequentes entre os estabelecimentos com maior rotatividade e aqueles localizados mais próximos aos escritórios de fiscalização, sugerindo que tanto as características dos estabelecimentos quanto as restrições logísticas moldam a alocação das inspeções.
Ísis Ferreira Lira.
Orientador: Gustavo Gonzaga.
Co-orientador: Tomás Guanziroli.
Banca: Juliano Assunção. Renata Narita. Breno Sampaio.